
Estamos celebrando Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil. Voltemos o nosso olhar para o ano 1717, quando aquela imagem foi pescada no Rio Paraíba do Sul.
Cardeal Paulo Cezar Costa – Arcebispo Metropolitano de Brasília
A labuta de três pescadores procurando peixes no Rio Paraíba… Não conseguem apanhar nada; de repente, vem o inesperado: pescam o corpo da imagem de cerâmica de Aparecida e, depois, a sua cabeça. A seguir, conseguem apanhar os peixes que necessitavam. Podemos dizer que, através da pesca, Deus dá um primeiro sinal do sentido dessa imagem. Aqueles pobres pescadores uniram a cabeça ao corpo, restauraram a imagem. Passaram a venerá-la e os sinais começaram a acontecer. Se o grande sinal que precedeu o encontro da imagem foi a pesca milagrosa dos peixes de que necessitavam, outros sinais começaram a acontecer, fruto da veneração à imagem, fruto do amor do povo simples que percebia que algo especial estava acontecendo: era a presença materna da mãe de Deus e nossa mãe.
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O Povo Brasileiro, hoje, pode viver daquele evento em que a Mãe de Deus nos visitou e deixou a sua presença materna impregnando a nossa história. São João Paulo II nos explica o mistério da maternidade de Maria e como a sua missão aponta para uma Igreja Evangelizadora: “Ao confessar-se ‘serva do Senhor’ (cf. Lc 1,38) e ao pronunciar o seu ‘sim’, acolhendo ‘em seu coração e em seu seio’ (cf. S. Agostinho, De Virginitate, 6: PL 40,399) o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira obediência.
Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da Salvação, vias que convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora. Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: ‘A função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia… e de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece (Lumen Gentium, 60). Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e ação dessa mesma Igreja.
Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para Aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis (cf. ibidem, 65), pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização? Assim, a ‘Estrela da Evangelização’, como lhe chamou o meu Predecessor Paulo VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho” (Šão João Paulo II, homilia de 4 de julho de 1980, em Aparecida).
Desse modo, o mistério de Aparecida continua a nos iluminar hoje nas nossas dores, alegrias e esperanças e a indicar o caminho da Evangelização como caminho da Igreja. Porque o anúncio do Evangelho deve ser a “tarefa primária da Igreja”, e a causa missionária, a primeira de todas as causas. Que a Mãe de Jesus e Nossa mãe nos ajude neste caminho.