As cores que vestem a fé: um guia para as vestes litúrgicas

© Alessia GIULIANI/CPP/CIRIC

A liturgia católica é rica em simbolismo, e um dos seus elementos mais visíveis e expressivos é a cor das vestes sacerdotais. Longe de ser uma mera questão de estética, a cor dos paramentos litúrgicos funciona como uma ferramenta pedagógica que, ao longo do ano, conduz os fiéis através dos mistérios da fé e do ritmo da vida cristã.

Paulo Teixeira / Aleteia

A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), o documento oficial que guia as celebrações da missa, dedica um trecho específico para explicar o significado de cada cor das vestes litúrgicas. O objetivo é que as cores “exprimam externamente de modo mais eficaz, por um lado, o carácter peculiar dos mistérios da fé que se celebram e, por outro, o sentido progressivo da vida cristã ao longo do ano litúrgico”.

As cores das vestes litúrgicas

Branco: A cor da alegria, pureza e luz. É usada nos tempos litúrgicos do Natal e da Páscoa. Também veste as celebrações de Nossa Senhora, dos anjos, dos santos (que não são mártires, porque para eles se usa vermelho) e em festas do Senhor, como Corpus Christi.

Vermelho: Representa o fogo do Espírito Santo e o sangue do martírio. É a cor do Domingo de Ramos, Sexta-Feira Santa, Pentecostes, e das festas dos apóstolos e mártires, que derramaram seu sangue em testemunho de Cristo.

Verde: O símbolo da esperança e da vida. É a cor mais utilizada, marcando o chamado Tempo Comum, a maior parte do ano litúrgico, quando os fiéis aprofundam a vida e os ensinamentos de Jesus.

Roxo: Simboliza a penitência e a dor. Veste os tempos do Advento (preparação para o Natal) e da Quaresma (preparação para a Páscoa). Também pode ser usado em missas de defuntos.

Rosa: Um “alívio” do roxo, usado em dois momentos específicos: no III Domingo do Advento e no IV Domingo da Quaresma. Simboliza uma quebra na penitência, anunciando a alegria que se aproxima.

Preto: Representa o luto e pode ser usado em missas de defuntos, onde a tradição assim o permitir.

A particularidade do azul: uma tradição regional

Enquanto a regra geral é clara, algumas exceções culturais se manifestam. É o caso do uso da cor azul, que não é mencionada na instrução geral, mas é utilizada em celebrações de Nossa Senhora em alguns países. Em via de regra, são utilizados paramentos brancos com detalhes azuis para recordar a Virgem Maria. Mas, em 1854, quando foi proclamado o Dogma da Imaculada Conceição, o Papa concedeu que na Espanha fossem utilizados paramentos azuis. Logo, os territórios espanhóis na américa Latina também aderiram e até hoje costumam celebrar a Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, com paramentos azuis.

O essencial além da cor

Apesar da importância do simbolismo das cores, o bispo Santo Agostinho já ensinava que a cor é um detalhe, um “acidental” que nos ajuda a entrar no mistério, mas não é o cerne da fé.

A verdadeira essência está na santidade, uma jornada que não tem cor, mas que “fica bem com todas as cores”, como dizia o santo. A santidade é a busca por uma vida íntegra e justa, um caminho que os cristãos são chamados a seguir. As cores litúrgicas são, em última análise, um auxílio para que os fiéis se aprofundem nesse chamado.

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