Organização de franciscanos do Brasil acusa Estado do Rio de Janeiro de promover ‘execução coletiva’

Irmã Nilza Ribeiro da Silva, FD, diretora da Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB). | Crédito: Print de tela Facebook.

O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, disse que foram identificadas 99 das pessoas que morreram na Operação Contenção e, que dentre os mortos identificados, 42 tinham mandados de prisão pendentes, 78 apresentavam “relevante histórico criminal” e 40 eram de outros Estados.

Por Nathália Queiroz / ACI Digital

“O que ocorreu diante dos olhos de toda a sociedade não foi acidente nem excesso. Foi uma ação planejada pelo próprio Estado, que promoveu uma execução coletiva sob o nome de ‘operação policial’”, diz nota de repúdio da Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) sobre a operação policial de terça-feira no Rio de Janeiro que resultou na morte de 121 pessoas – entre elas, quatro policiais – na prisão de 113 indivíduos, e na apreensão de cerca 100 fuzis e mais de uma tonelada de drogas nos complexos do Alemão e da Penha.

“Diante da tragédia que abalou o país, marcada por mais uma chacina em comunidades do Rio de Janeiro “, continua a nota, cujo tom contrasta com a manifestação do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani cardeal Tempesta, e a declaração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“A Família Franciscana do Brasil sente-se convocada a mobilizar-se e a denunciar a política de morte que, de forma cruel e sistemática, atinge a população pobre e negra das periferias”, diz a nota da CFFB. “O que aconteceu é crime, planejado e executado pelo Estado contra o nosso povo”.

A CFFB, com sede em Brasília, é a organização sucessora do Centro de Estudos Franciscanos e Pastorais para a América Latina, fundado em 1965 no Chile e visa ser “um movimento franciscano que unisse, em espírito de fraternidade, todos os franciscanos e franciscanas do Brasil, para promover a reflexão sobre o carisma e a missão franciscanos e para dar uma resposta aos desafios da Igreja latino-americana”.

Entre os objetivos da organização está “colocar-se a serviço da justiça, paz e ecologia, promovendo e valorizando a vida onde ela se encontra mais ameaçada”.

Combate ao narcotráfico

A Operação Contenção feita contra o Comando Vermelho (CV), uma das maiores organizações criminosas do Brasil, envolveu 2,5 mil policiais civis e militares com o objetivo de desarticular e conter a expansão territorial do CV, além de cumprir cerca de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.

Segundo o Governo do Rio de Janeiro, durante a ação foram registrados vários confrontos com intenso tiroteio principalmente na área de mata, onde pelo menos 64 criminosos resistiram à ação policial e morreram. Nesta ação também morreram quatro policiais.

Para os franciscano, tratou-se de “um ataque cruel e seletivo contra comunidades pobres e negras, que espalhou medo, destruiu famílias e expôs ao mundo mais de 120 corpos enfileirados pelos próprios moradores no Complexo da Penha – resultado trágico e cruel de uma política que decide quem pode viver e quem deve morrer”.

O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, disse hoje (31), que até o momento foram identificadas 99 das pessoas que morreram na Operação Contenção. Ele disse que dentre os mortos identificados, 42 tinham mandados de prisão pendentes, 78 apresentavam “relevante histórico criminal” e 40 eram de outros Estados. Dentre os mortos, de acordo com o secretário, estão: Russo, chefe do tráfico em Vitória (ES); Chico Rato, chefe do tráfico em Manaus (AM); Mazola, chefe do tráfico em Feira de Santana (BA); Fernando Henrique dos Santos, chefe do tráfico em Goiás.

Artigo anteriorSanto do dia 3 de novembro: São Martinho de Lima
Próximo artigoIgreja Católica cresce e ultrapassa 1,4 bilhão de fiéis no mundo