“Dilexi te — Eu Te Amei”, um artigo do Frei Adriano Borges de Lima

“Dilexi te”, Leão XIV: não se pode separar a fé do amor pelos pobres. | Vatican News

Que o Santuário Basílica de São Sebastião continue a ser casa de acolhida, misericórdia e comunhão, onde cada gesto de amor revela o rosto de Deus.

Frei Adriano Borges de Lima

Queridos irmãos e irmãs devotos de São Sebastião, família capuchinha,

O Santo Padre Leão XIV acaba de oferecer à Igreja uma preciosa Exortação Apostólica intitulada Dilexi te — “Eu te amei” (Ap 3,9). Essa carta nasce do coração do Papa Francisco que, antes de partir, preparava um texto sobre o amor aos pobres, desejando que toda a Igreja redescobrisse a beleza de servir a Cristo nos que sofrem. Seu sucessor, o Papa Leão XIV, assumiu esse desejo e o transformou num verdadeiro testamento espiritual, que agora chega até nós como uma luz para o caminho da fé.

Isso me faz recordar também, com gratidão, o nosso querido Frei Jorge [Luiz de Oliveira, ex-reitor e pároco do Santuário], que parte para uma nova missão, deixando um legado de proximidade e simplicidade. Também eu acolho esse legado e, com a graça de Deus e o apoio de vocês, desejo continuar este belo trabalho de evangelização a partir deste Santuário Basílica — nossa Paróquia de São Sebastião.

Em tempos em que o mundo se acostuma à desigualdade e a indiferença se torna quase uma cultura, a Exortação do Papa é um forte convite a reavivar nossa sensibilidade cristã. Ele recorda que os pobres não são apenas destinatários de nossa caridade, mas presença viva do Senhor: “Nos pobres, Ele ainda tem algo a dizer-nos.” Amar os pobres não é um gesto de filantropia, mas um encontro com o próprio Cristo — Aquele que “sendo rico, se fez pobre por nós” (2Cor 8,9).

Essa mensagem toca profundamente o coração de nossa vida capuchinha e franciscana. São Francisco de Assis compreendeu, de modo admirável, que o abraço ao leproso foi o início de sua conversão: ali ele encontrou o Cristo vivo. É esse mesmo caminho que o Papa nos propõe hoje — não uma Igreja distante, mas uma Igreja que se aproxima, que escuta o clamor, que toca a dor, que se ajoelha diante do sofrimento e serve com ternura.

Caros paroquianos e todos aqueles a quem chegam estas palavras — neste Santuário Basílica de São Sebastião, onde tantos buscam consolo e esperança — somos chamados a ser sinal concreto desse amor. Entre tantas iniciativas que já florescem neste lugar de fé e acolhimento — como o Clube do Leite, as cestas básicas e outras expressões de solidariedade — quero recordar e incentivar que continuemos a avançar. Novas alternativas são sempre bem-vindas, mas, sobretudo, que permaneçam vivos em nós os pequenos gestos: a atenção aos necessitados, a partilha silenciosa, a oração oferecida por quem sofre. Cada gesto, por menor que pareça, é uma forma de dizer ao mundo: “O Senhor nos ama.”

Diante de tudo isso, convido cada paroquiano e cada devoto de São Sebastião a ler e meditar a Exortação Dilexi te. Em breve, divulgaremos um momento fraterno e formativo para aprofundarmos juntos o conteúdo dessa nova Exortação Apostólica. Desde já, você é nosso convidado especial.

Desejo que esse belo texto do Papa não seja apenas um documento distante, mas um espelho onde possamos examinar nossa maturidade na fé. Por isso, leiamos e deixemos que Cristo fale conosco, nos ensine a amar de forma mais concreta, mais pobre, mais livre. Que desperte em nós o desejo de sermos uma comunidade que não fecha os olhos diante da dor humana, mas que vê no pobre o rosto do próprio Senhor.

Que a sabedoria do amor, expressa no Evangelho e renovada nesta Exortação, encontre morada em nossos corações e em nossas práticas pastorais. Que o nosso Santuário continue sendo casa de acolhida, de misericórdia e de comunhão com todos, especialmente com os que mais sofrem.

Com gratidão e esperança,
Frei Adriano Borges de Lima, OFMCap
Pároco e Reitor do Santuário Basílica de São Sebastião

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